A bronca de Dona Ana

A saída da escola São Francisco de Assis sempre é a maior confusão. No meio de alunos correndo pelos corredores, professores tentando organizar a saída e a Dona Ana ( a bedel da escola, que provavelmente trabalha lá, desde a fundação da escola. Há uns 100 anos atrás. ), dando bronca e parando todos que passam por ela com pressa.
No meio de toda esta balbúrdia, Jaque e Luiza tentam passar despercebidas e sair da escola sem que os chatos de sempre notem suas presenças.
Os chatos são os populares do colégio, que adoram chamar as duas, seus amigos Luís e Kiko e outros colegas; de Ziskisitos. Ziskisito é um jeito diferente de dizer esquisito e de diferenciar quem não faz parte do grupinho dos populares.
Jaque e Luiza geralmente não ligam a mínima para o que eles falam, ainda mais depois de terem participado da solução do roubo do quado do diretor e descoberto uma quadrilha internacional de roubo de arte ( livro "OS ZISKISITOS E O QUADRO ROUBADO" ). Depois deste episódio eles ficaram famosos no colégio e os populares deram um tempo para eles. Mas parece que a pausa tinha acabado e eles já tinham voltado com a carga toda.
Jaque e Luiza conseguiram chegar ao portão da frente sem serem incomodadas. Olhando para trás viram Luís e Kiko vindo na direção delas com o passo muito apressado. Kiko estava muito vermelho e quando chegou perto das duas desatou a falar o quanto a Dona Ana era intrometida e que iria dar queixa dela.
- O que aconteceu Kiko? - perguntou Luiza quando viu o garoto jogar a mochila nas costas e sair andando na frente delas.
- A Dona Ana pegou ele no corredor bem na frente daquele pessoal da 5ª C. Sabe, aqueles metidos? - Luís respondeu andando rápido atrás do amigo.
- E isso não é o pior. - falou Kiko parando de repente e virando para seus amigos.
- Ai, Kiko. - disse Luiza depois de ter batido nas costas de Luís com a parada brusca de Kiko.
- Quem tem que dizer ai, sou eu. - Luís esfregava as costas onde Luiza havia batido.
- Vocês querem me ouvir ou não? - kiko parecia muito irritado com a confusão dos amigos.
- Tá. Mas só não pára de repente. - disse Jaque ao lado de Kiko, onde tinha conseguido fugir a tempo da trombada de seus amigos.
- Vocês não sabem quem tava lá no corredor também! - Kiko parou olhando para os três com cara de suspense.
- Kiko, desenvolve. Fala logo. - disse Luiza depois de alguns instantes de silêncio.
- A Alice.
- Que Alice?- perguntou Jaque sem entender.
- Sua irmã, oras. Tava lá e ouviu toda a bronca da Dona Ana e a gozação daquele pessoal insuportável, me chamando de zisk, dentuço e rindo. Ah, ela não podia ter ouvido isso.
- Ah, não, Kiko. Ainda com esta estória. Minha irmã nem sabe que você existe, ela é mais velha, é uma das populares. Esquece isto. Já virou obsessão.
- E por acaso ela te defendeu? - perguntou Luiza.
- Não. - disse Kiko de cabeça baixa e voltando a andar.
- Típico, ela nunca vai defender um de nós e ir contra seus amigos. Não sei como pode ser minha irmã. - falou Jaque
- Mas pelo menos ela não riu.
- Jura, Luís? -perguntou Kiko abrindo um sorriso pela primeira vez desde que eles se reencontraram.
Seus amigos olharam para ele e começaram a rir.
- Kiko, você não tem jeito? Esquece. - falou Luiza dando um pequeno empurrão em Kiko.
- Mas ela não riu! Então, tenho chance. Tô feliz! Vamos comemorar com um sorvete?
- Ahhh! - disseram Luís, Luiza e Jaque desistindo de convencer seu amigo e se preparando para um grande sorvete.