Os Ziskisitos e o Quadro Roubado

Este é o prmeiro capítulo do livro, "Os Ziskisitos e o Quadro Roubado", que será publicado em 2010.

Capítulo 1
“A Noite do Horror”

Em uma tarde muito bonita de final de junho, o céu azul e o sol fraco antecipavam o inverno. A cidade começava a se preparar para o frio dos próximos meses e os estudantes em grande excitação se preparavam para as férias escolares.
E estas férias do meio de ano prometiam grandes aventuras.
Porém, no apartamento 33 da rua das Figueiras reinava uma grande confusão. Uma adolescente muito bonita, com longos cabelos dourados e olhos amendoados estava enfurecida discutindo com sua mãe e seus gritos ecoavam por todo o apartamento.
– Mãe não quero ir com ela. Ela é Zisk!
– Que negócio é esse de zisk, agora?
– Zisk, mãe! Ziskisitos! – olhando o rosto de pura interrogação da mãe, a adolescente grita:
– Esquisito, mãe. Zisk é só apelido ou o jeito que todo mundo lá no colégio chama ela e aqueles amigos estranhíssimos dela.
– Não fala assim da sua irmã. Ela não é esquisita e nem os amigos dela. Podem ser diferentes dos seus amigos e do que você acha certo ou bonito, menininha, mas não esquisitos.
Vendo o rosto da mãe enquanto falava, a garota percebeu que estava em perigo. Ia acabar de castigo e sem poder sair com seus amigos. Achou melhor baixar o tom e tentar negociar.
– Mas mãe, por que eu tenho que sair com ela? Ela não faz parte do meu grupo de amigos.
– Mocinha, ela é sua irmã e se quer ir ao parque de diversão à noite com seus amigos vai levar a Jaque com você. – a garota viu que não tinha mais jeito, a mãe estava irredutível. Ia ser um vexame aparecer com a sua irmã Zisk na frente dos seus amigos. – E tem outra coisa, mocinha. Você ainda vai encontrar muita gente diferente de você na sua vida. É bom se acostumar! E se ela não for, você também não vai! – a última frase foi seguida pelo estrondo de uma porta batendo.
A discussão tinha terminado.

Jaque estava no quarto, deitada na sua cama, olhando para o teto. Não acreditava que elas estavam tendo esta discussão de novo. Fazia uma semana que sua irmã planejava a ida ao parque de diversões, na “Noite do Horror”. Vai ser a festa de despedida do primeiro semestre da escola, praticamente toda a turma vai ao parque. E sua irmã já tinha combinado com todos os seus amigos e tinha, claro, o Paulinho, o garoto do terceiro ano que sua irmã estava doida para encontrar. Jaque tinha ouvido sua irmã combinando com ele o passeio ao parque. Ela não queria “segurar vela” e nem ter que aguentar aqueles amigos insuportáveis da sua irmã, mas adorava terror e a festa prometia.
Dando de ombros, Jaque decidiu que iria assim mesmo, com certeza lá sua irmã se livraria dela rapidinho e seria melhor, poderia se divertir sossegada. Sendo assim, decidiu ir chamar seus amigos, se era para enfrentar os “populares” não iria sozinha. Enquanto colocava outra camiseta e os tênis, Jaque se olhou no espelho. Seus olhos eram castanhos e muito bonitos, pelo menos seu pai sempre dizia isso. Mas seu pai não vale, é seu pai! Ela realmente era a mais baixa da sua turma da escola não tinha crescido muito e era bem gordinha, mas seus cabelos eram loiros e muito bonitos. Sua irmã já era o contrário, era alta, com olhos verdes e magra, tinha puxado para a família de seu pai e era uma das populares do colégio. A mais popular e a comparação com Jaque era inevitável.
As piadinhas dos amigos da irmã magoaram Jaque, até ela fazer sua própria turma e decidir que eles não valiam a pena. O apelido de zisk chateou por muito tempo, geralmente Jaque voltava para casa chorando, mas ela e seus amigos tinham decidido que eles não eram ziskis eram é muito inteligentes. E pronto!
Jaque acabou de se vestir e saiu. O Luís morava no prédio ao lado e eles tinham combinado de se encontrar na pracinha da esquina, em frente à padaria, que tinha uns sonhos deliciosos e que a Jaque e seus amigos adoravam frequentar.
O Luís já estava lá, com um livro sobre cavalos na mão. Isso é impressionante sobre o Luís, ele sempre carrega um livro, quando não são vários, para todo lugar que vai. Como é muito magro e alto, muito alto para a sua idade, está sempre encurvado pelo peso dos livros na sua mochila. Estava sentado no banco da praça e levantou quando viu Jaque chegar, a diferença de altura entre os dois era enorme e como sempre fazia para não dar torcicolo na amiga, sentou novamente.
Jaque sentou no banco ao seu lado e começou a olhar as fotos do livro, Luís adora animais tem dois cachorros, um papagaio e duas iguanas e agora quer uma cobra. Sua mãe não sabe mais o que fazer com tantos bichos no apartamento, está até com um ar meio histérico.
Cinco minutos depois chegaram a Luiza e o Kiko, a turma estava completa. Chegaram no meio de uma discussão entre a Jaque e Luís, de qual animal era mais inteligente o cavalo ou o golfinho. O Kiko já chegou dando a sua opinião:
– É claro que é o golfinho, qualquer bicho que deixe ser montado não pode ser muito inteligente.
– Mas que besteira, eles apenas são dóceis e você não entende nada de cavalos. – Luís olhava apaixonado para a foto de um grande alazão do livro, Jaque ficou com medo de ele trocar a cobra pelo cavalo. Luiza também percebeu o olhar e cochichou no ouvido da Jaque que estava com dó da mãe dele.
A Luiza é a expert em computadores da turma e provavelmente a mais inteligente da escola, seu pai é desenvolvedor de softwares para segurança de empresas e desde pequena ela passa horas fuçando nos computadores. E além disso, é a melhor nos games pela internet, ninguém mais quer jogar com ela, mesmo que prometa perder. É mais alta que a Jaque, com cabelos lisos e castanhos, bonitos olhos verdes, mas cisma em usar óculos enormes, que a deixa com um ar de besouro.
O Kiko é um garoto espevitado de cabelos vermelhos e encaracolados e com os dois dentes da frente muito grandes, a partir do próximo ano vai usar aparelho para corrigir os dentes, porém não está muito animado diz que vai perder seu charme. Ele adora esportes, principalmente futebol e andar de patins. Não é muito bom em nenhum dos dois, mas seus amigos não ligam, Kiko é um garoto muito legal, um grande amigo.
Os quatro decidiram ir sentar na sua mesinha favorita, lá na padaria. Era o quartel general deles, sempre que queriam tomar uma decisão iam para a padaria. Depois de pedirem quatro milk-shakes Jaque começou a contar a briga da sua mãe e de sua irmã e a decisão de sua mãe. Kiko foi o primeiro a falar:
– Você não pode ir ao parque com aqueles metidos, eles não vão “largar do seu pé”!
– Eu sei e é por isso que estou convidando vocês, a minha irmã vai me largar lá mesmo e assim nós vamos poder nos divertir muito. É a “Noite do Horror”, vai estar tudo assustador, cheio de monstros.
Vendo o olhar de seus amigos, Jaque completa:
– Tá, pessoas vestidas de monstros, mas vai ser legal e tem o parque. A montanha-russa, o carrinho de bate-bate, a roda gigante…
– Tá, tá, já entendemos eu só não gostei desta parte dos monstros – disse Luís tentando disfarçar o olhar assustado.
– Anhh! É de brincadeira, né? Eles não são de verdade. Bem que podiam, eu ia adorar!
– Jaque, mas você é estranha, hein? Nunca vi ninguém gostar tanto de terror e mistério como você.
– Tá bom, Luiza. Mas vocês vão ou não?
Ficaram todos em silêncio por alguns segundos e o Kiko foi o primeiro a falar:
– Nós só temos 11 anos, como vamos entrar à noite, no parque? Temos que estar acompanhados e minha mãe só vai deixar se eu estiver com um adulto. Sabem como ela é. – nisso todos concordaram, a mãe do Kiko é super protetora, criou o filho sozinha, o pai é fotógrafo e foi morar na França logo depois dele nascer. Kiko fala com ele por e-mail e quando tinha 5 anos foi visitá-lo na França, mas nem lembra direito.
– Mas você fala para ela que minha mãe vai nos levar e buscar, o que é verdade e que vamos ficar com a minha irmã no parque, o que não é verdade. – todos começaram a rir.
Então estava decidido iriam ao parque a noite. Como os milk-shakes já tinham terminado, decidiram ir para suas casas pedir permissão a seus pais, tomar banho e trocar de roupa. Já estava tarde e combinaram de se encontrar às sete horas na casa da Jaque.
Kiko e Luiza moravam na rua das Laranjeiras, atrás da pracinha e Luís e Jaque na mesma rua da padaria e da pracinha, a rua das Figueiras. No caminho de volta os quatro se separaram.
Jaque e Luís estavam passando pela pracinha conversando sobre os filmes de terror mais assustadores do cinema, quando Luís começou a observar um homem que estava falando com a árvore.
– Só pode ser doido. – comentou ele.
– Não, ele não está falando com a árvore, olha tem um outro braço aparecendo do outro lado. Tem alguém atrás da árvore. – disse Jaque.
– É, a menos que ele tenha um braço gigante.
– Ia ser engraçado! Parece que ele está bravo. E não sei, estão cochichando. É melhor nós não ficarmos olhando. – foi aí que os dois perceberam que tinham parado para olhar o homem. Resolveram continuar o caminho para casa. Nesse momento o homem que estava atrás da árvore saiu de repente, com muita pressa e veio na direção deles. Passou tão rápido que quase derrubou a Jaque no chão, fazendo-a perder o equilíbrio e se apoiar em um banco da praça.
– Nossa você está bem? – perguntou Luís.
– Tô. Que pressa, não? Ei, não era o nosso novo professor de matemática?
Luís olhou na direção do homem, que já ia longe na outra esquina.
– Não sei, eu fiquei olhando para você. Mas você está falando do professor Celso, o ga-gago? – brincou Luís.
– É! Parecia ele. E cadê o outro?
– O do braço gigante sumiu ainda mais rápido.
– Tinha alguma coisa de estranho nisso. Parecia que estavam escondendo alguma coisa.
– Tá bom, Jaque! Você assiste muito filme de mistério.
Jaque parou, tinham chegado ao seu prédio, o prédio do Luís era dois depois do seu.
– É vai ver estou imaginando coisas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá . tudo bem ? espero que sim .
Lemos seu livro Os Ziskisitos e o Quadro Roubado . Ele era o livro do bimestre em nosso colégio.Achamos o livro bem interessante,nós aprofundamos o nosso interesse e percebemos algo.Percebomos que a mensagem que você quis passar pelo livro : "Não importa como a pessoas seja magra,alta,branca,negra... Todos somos iguais.Nunca julgue ninguém,pois não sabe seus valores dela,muito menos do que ela é capaz !''Bem legal a mensagem que o livro passa.Também achamos que foi legal cada um superar seus medos.
Ass:Ana Luísa e Giovanna Gabriely

O blog Os Ziskisitos é dedicado a todos garotos e garotas que fogem ao padrão de beleza considerado normal. Eles são inteligentes, bem-humorados, criativos, simpáticos e têm muitos amigos, mas fora do padrão de beleza dos seus colegas de escola e por isso taxados de esquisitos, ou ziskisitos.
O objetivo deste blog é discutir como aparência não tem a mínima importância e que ninguém deve ser taxado por isto.
Sejam Bem-Vindos a nossa turma!